Burnout e aposentadorias precoces nos esports

Burnout é um assunto nebuloso, mas que é sempre citado. Muitas vezes vemos ele rodeado de desinformações ou dúvidas. Então, vamos entender o que é burnout, buscando visões de psicólogos – Danielle Coelho e Rafael Costa – e entender como isso afeta os jogadores de esports.

Nos últimos anos, o cenário competitivo dos esports tem visto uma onda de aposentadorias precoces. Jogadores talentosos abandonam suas carreiras no auge, alegando esgotamento mental e emocional. O caso de Uzi, lenda do League of Legends, que enfrentou problemas de ansiedade e estresse até decidir se afastar, e sinatraa, ex-jogador de VALORANT, que citou o desgaste mental como um dos fatores para sua pausa, são apenas alguns exemplos de um problema estrutural.

Mas o que realmente leva os jogadores a esse nível de exaustão? Há uma preocupação real das organizações com o bem-estar dos atletas ou apenas medidas paliativas? Como os psicólogos enxergam esse problema e quais seriam as soluções viáveis?

O que é o Burnout e como ele afeta os jogadores?

Faker, mid laner da T1, após perder uma final do Worlds - Reprodução

A psicóloga Danielle Ghirotti Coelho explica que muitas pessoas confundem estresse com Burnout, mas são fenômenos diferentes. O estresse pode ter um aspecto positivo em sua fase inicial, onde há um aumento na produtividade. No entanto, se ele se prolonga e ultrapassa os limites saudáveis, pode se transformar em Burnout, caracterizado por três dimensões principais:

  • Exaustão emocional: sensação de esgotamento total, dificultando qualquer atividade.
  • Despersonalização ou cinismo: comportamento defensivo, muitas vezes manifestado em ironia e distanciamento.
  • Redução da realização pessoal: o entusiasmo pelo trabalho dá lugar à frustração e à insatisfação constante.

No contexto dos esports, esses fatores se intensificam devido à carga de treinos excessiva, à pressão por resultados e à constante exposição a críticas do público. Segundo Danielle, o ambiente competitivo é um terreno fértil para psicopatologias como o Burnout, especialmente para jogadores com o chamado Tipo A de personalidade, que tendem a ser altamente competitivos e ansiosos.

Os impactos do Burnout vão além do jogo. Jogadores que antes eram apaixonados pela competição começam a sentir que o que antes era prazeroso se torna uma obrigação desgastante. Além disso, ele pode afetar a qualidade do sono, alimentação e até os relacionamentos interpessoais dentro e fora do time.

Os impactos do Burnout na performance e na vida pessoal

O Dr. Rafael Costa destaca que o Burnout não se limita apenas ao psicológico; ele pode ter sintomas físicos como dores de cabeça e problemas gastrointestinais. Além disso, afeta diretamente o desempenho dos jogadores, comprometendo sua concentração, tempo de reação e capacidade de tomada de decisão.

Se os sinais forem identificados cedo, há tempo para intervenção, evitando consequências mais graves, como o abandono precoce da carreira”, afirma Costa. No entanto, muitos jogadores só percebem o problema quando já estão no limite. A busca pelo alto rendimento e a rotina exaustiva de treinos e competições deixam pouco espaço para que os atletas reconheçam seus próprios limites.

O papel das organizações: solução ou parte do problema?

Uma questão crucial é se as organizações estão realmente comprometidas com a saúde mental dos jogadores ou se adotam apenas medidas paliativas para lidar com o problema. Alguns times já contam com psicólogos esportivos, mas será que o suporte oferecido é suficiente?

Dr. Rafael Costa defende que a solução deve partir tanto do nível individual quanto das organizações. Ele sugere que times e torneios regulamentem a carga de trabalho, imponham pausas obrigatórias entre competições e ofereçam suporte psicológico contínuo. Além disso, a estabilidade contratual e a criação de um ambiente livre de assédio e toxicidade são fundamentais para o bem-estar dos atletas.

Nos esportes tradicionais, há regras para evitar sobrecargas físicas e emocionais. Nos esports, isso deveria ser tratado com a mesma seriedade”, reforça Costa.

Casos emblemáticos: Uzi e sinatraa

sinatraa, quando ele foi campeão de Overwatch - Reprodução

Dois dos exemplos mais marcantes de jogadores afetados pelo Burnout são Uzi e sinatraa. Uzi, considerado um dos maiores ADCs da história do League of Legends, precisou se afastar do competitivo devido a problemas de saúde agravados pelo estresse e pela rotina intensa de treinos. Ele enfrentava não apenas o desgaste mental, mas também dores físicas crônicas, resultado de anos de carga excessiva de trabalho.

sinatraa, campeão mundial de Overwatch e estrela do VALORANT, decidiu dar uma pausa na carreira, citando o desgaste mental como um dos principais motivos. Ele mencionou a pressão constante e a necessidade de estar sempre no mais alto nível como fatores determinantes para sua decisão.

Esses casos evidenciam como mesmo os jogadores mais bem-sucedidos podem sucumbir ao Burnout quando não há um equilíbrio adequado entre a competição e o bem-estar pessoal.

Como prevenir o Burnout?

A psicóloga Danielle Coelho sugere que, além de mudanças estruturais na forma como os esports lidam com seus atletas, os jogadores também devem buscar estratégias para reduzir o risco de Burnout. Algumas medidas incluem:

  • Equilibrar treinos, descanso e lazer.
  • Criar um ambiente de trabalho mais saudável, reduzindo pressões desnecessárias.
  • Estabelecer limites e agendas organizadas para evitar sobrecarga.
  • Oferecer acompanhamento psicológico contínuo.
  • Garantir que as decisões sobre aposentadoria sejam feitas por escolha e não por exaustão.
  • Desenvolver atividades que estimulem a criatividade e permitam um escape mental do jogo.
  • Construir relações saudáveis dentro e fora do cenário competitivo.

Danielle reforça que cuidar da saúde mental é um investimento essencial para o bem-estar e para a longevidade da carreira dos jogadores. Pequenas mudanças na rotina podem fazer uma grande diferença para evitar o esgotamento.

A cultura do excesso: um problema estrutural

O Burnout nos esports não é apenas um problema individual de cada jogador, mas sim um reflexo de uma cultura organizacional que glorifica a exaustão. Existe uma romantização do grind constante, da ideia de que apenas aqueles que dedicam todo o seu tempo ao jogo serão bem-sucedidos. No entanto, essa mentalidade cobra um preço alto.

Comparando com esportes tradicionais, há regras rígidas para evitar excesso de treinos e sobrecarga física. Nos esports, essa discussão ainda está engatinhando. Grandes organizações se preocupam mais com resultados imediatos do que com a longevidade da carreira de seus jogadores. Isso levanta um questionamento importante: até que ponto essa cultura é sustentável?

Além disso, há uma falta de regulamentação que proteja os atletas de esports de contratos abusivos e jornadas exaustivas. Em muitos casos, a decisão de um jogador se aposentar cedo não é por desejo próprio, mas sim porque o ambiente se tornou insustentável.

A indústria de esports está preparada para lidar com essa crise? Será que veremos mais jogadores abandonando suas carreiras por questões de saúde mental? Ou finalmente haverá uma mudança estrutural, colocando o bem-estar dos jogadores como prioridade?

Esse é o nosso segundo conteúdo abordando assuntos pertinentes no mundo dos esports. Quer acompanhar mais? Confira o nosso estudo sobre meritocracia:

Esports são realmente meritocráticos? O papel do privilégio na ascensão dos jogadores

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