Como o bloqueio do X afetou a comunidade de eSports no Brasil?

Rede social é principal plataforma usada por organizações, jogadores, jornalistas e fãs do cenário de jogos eletrônicos
Images/LightRocket via Getty Images

BLOQUEIO DO X NO BRASIL

O X (antigo Twitter) foi bloqueado no Brasil após determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no final de agosto. Por não seguir as determinações da justiça brasileira em banir contas designadas e definir um representante legal da empresa no Brasil, o bloqueio da rede social foi um acontecimento inevitável. No entanto, a determinação pegou muitos de surpresa pela sua concretização depois de dias de rumores.

Na madrugada do sábado de 31 de agosto, o X começou a ficar indisponível para vários usuários brasileiros. Porém, a partir disso, como a comunidade online de eSports pode ter sido afetada?

COMO ISSO AFETA O CENÁRIO BRASILEIRO DE ESPORTS?

A origem eletrônica e digital dos eSports, aliada à era da virtualidade, transformou a forma de comunicação dentro da comunidade. As diversas conexões possíveis à distância facilitaram essa mudança. Hoje, as plataformas e redes sociais são os principais meios de interação entre os participantes do cenário de eSports. O uso delas vai desde o contato online entre amigos e colegas que jogam juntos, até em compartilhar e receber informações sobre os cenários competitivos de seus jogos favoritos.

Pela sua proposta de ser um espaço focado em comunicação por textos, o X conseguiu receber e consolidar a comunidade de eSports. Ele se tornou um lugar oficial para anúncios e procura de notícias. A rede social pode ser classificada como a principal plataforma digital usada pela comunidade de games em geral hoje em dia.

Com a presença de organizações, pro-players, coaches, jornalistas, produtores de conteúdo, jogadores casuais e fãs, o X era onde o público brasileiro sabia que conseguiria interagir com seu jogador favorito. Isso sem falar em poder acompanhar, em tempo real, análises e reviews do jogo do campeonato que acabou de acontecer. Ver a opinião daquele criador de conteúdo que é fã, saber de rumores de transferências de times de todo o mundo. Até mesmo, acessar a conta daquele portal de notícias para ficar atualizado dos últimos acontecimentos.

Ainda em agosto, enquanto os rumores do possível bloqueio do X no Brasil começaram a circular, a comunidade brasileira de eSports e aqueles que produziam e divulgavam seus trabalhos/conteúdos na rede, mostraram-se preocupados. As principais dúvidas giravam em torno de qual seria a próxima plataforma que a comunidade se encontraria e como se daria o contato do Brasil com o resto do cenário internacional. Outros países não acompanhariam o Brasil nessa migração.

Após o bloqueio inesperado no final de agosto, as preocupações finalmente se tornaram concretas. A comunidade ficou perdida, tentando se encontrar e comunicar por outros meios. Nos primeiros dias de bloqueio parcial, em que nem todos os provedores de internet aderiram a decisão imediatamente, os primeiros problemas com o bloqueio do X começaram a aparecer. Primeiro foi o baixo engajamento e visibilidade para jornalistas e criadores de conteúdo devido a dispersão do público-alvo. Jogadores relataram que não conseguiam se conectar com times e line-ups. Times menores não conseguiam trazer de volta seu público, devido a falta de interesse e dificuldade em encontrar as mesmas em outras plataformas.

ESCUTANDO A COMUNIDADE

A Stellae procurou saber as experiências de diferentes tipos de perfis de usuários dentro do X que participam ativamente da comunidade e estão engajados profissionalmente com o cenário de eSports.

Por que o X?

Wesley Pereira, jornalista para o The Clutch e comentarista geral de jogos como VALORANT, Rainbow Six Siege, League of Legends e outros eSports, comentou os seus motivos de ter escolhido o X como principal plataforma para divulgar seus trabalhos e se comunicar com o público:

“Tudo relacionado ao cenário de eSports, eu utilizava o X. Sentia que nele eu tinha um alcance maior e distribuía bem as minhas postagens dentro do algoritmo da plataforma. Então, tudo que era relacionado ao VALORANT ou algum outro eSport, o pessoal sempre acompanhava ali quando eu postava alguma coisa.”

Com o bloqueio do X no Brasil, outras plataformas começaram a crescer com a entrada de brasileiros buscando um espaço para substituí-lo. Wesley comenta sobre a facilidade que o X trazia para ele compartilhar suas ideias. Apesar de já ter pensado em migrar para outras redes sociais, a atratividade do foco na comunicação escrita do X o mantinha nele:

“Eu fiquei só pelo Twitter (X) pela facilidade de comunicar com o pessoal. Era mais por questão de proximidade e costume, eu até pensava em migrar para outra plataforma, mas prefiro muito mais fazer as coisas em textos, e a rede social possibilitava bastante isso.”

O jornalista relembra de seus contatos criados por causa do X e que agora busca alternativas para se comunicar com eles por outros meios:

“A maioria dos contatos que eu tinha com pessoas do cenário, principalmente do exterior, era pelo Twitter (X). Está sendo um grande desafio. Não sei como fazer para localizar essas pessoas agora. A questão do bloqueio judicial, de que se utilizar qualquer tipo de meio para tentar acessar a rede social dentro do território nacional você acaba sujeito a multa, não é algo que eu quero arriscar. Estou tentando encontrar meios de me comunicar com eles.”

Questionado sobre a diminuição de alcance que a troca total de uma rede social para outra causa, Wesley apresenta o Bluesky como nova plataforma, muito semelhante ao X, e que não sofre tanto pela falta de alcance por causa do filtro dos usuários poderem consumir somente o assunto que estão interessados:

“No Bluesky, que eu estou utilizando mais ativamente, posso sentir que a questão de proximidade e contato com a comunidade acaba sendo bem mais orgânica [em comparação com o X] pelo simples fato de que é uma rede social limpa, onde quem quer ver tal assunto, vai ver só aquele assunto. Então, partindo desse pressuposto, a questão de alcance, eu não sinto que ele diminuiu tanto assim. O Bluesky permite com que você se aproxime cada vez mais do pessoal junto com os interesses deles em relação ao que eles querem ver. Acredito que a questão do Bluesky, pode, de certo modo, trazer um grande alcance. Vão ter pessoas que vão buscar informações da melhor forma, dentro do interesse delas.”

O X era sinônimo de rapidez

Gabriel “lovx” Rodrigues, streamer de VALORANT pela TOTALE, destacou a rapidez de saber de informações sobre o FPS da Riot Games que o X proporcionava. Além disso, disse que utilizava a plataforma por toda a comunidade brasileira de VALORANT estar presente nela:

“Eu utilizava o X principalmente pelo fato de que toda a comunidade brasileira de Valorant estava se encontrando lá. [O X] também era a principal plataforma de informação sobre qualquer coisa que acontecia no VALORANT. Ali você tinha uma informação muito rápida do que acontecia, pelas diversas páginas sobre o jogo que tinha [no X]. Além disso, o X entregava muito mais o seu conteúdo para outras pessoas, tinha um alcance maior, por ser uma plataforma que todos usavam.”

Lovx admite que nunca pensou na possibilidade do X ser bloqueado e agora busca divulgar o seu trabalho em outras plataformas focadas em vídeos:

“Sempre ouvi rumores de que o Twitter [X] ia cair, que nunca mais ia voltar, que o Elon Musk ia tirar o site do Brasil… Eu nunca levei isso muito a sério, então eu não trabalhava em nenhuma outra plataforma. Agora eu estou focando mais no TikTok porque é uma plataforma de vídeo, que é o foco do meu conteúdo. Por conta da queda do X, acabou me abrindo um leque de novas opções.”

Sobre a questão da diminuição de alcance, lovx acredita que está mais difícil restaurar o alcance que as contas tinham no X em outras redes sociais. A mudança repentina para outra rede social pode acabar impedindo que o seu público lhe encontre novamente, “digo pela própria TOTALE. A página da TOTALE teve uma queda, infelizmente, mas é algo que dá para recuperar”, disse o streamer sobre a conta da organização que defende.

O X era a plataforma do mundo dos gamers

Bruno Guizilim, fundador e Head Coach de Esports da TOTALE Gaming Academy, também conversou com a Stellae sobre o bloqueio a relevância do X no cenário de eSports:

“O Twitter [X] sempre foi a rede social gamer. Grande parte da comunidade, pelo menos as pessoas mais relevantes, com mais influência, os jogadores em si, estavam ali.”

Bruno relata de como foi essa migração das redes sociais da TOTALE e quais plataformas julga que podem tomar o lugar do X neste período de bloqueio:

“Essa migração para outras redes sociais que acabaram emergindo devido ao fechamento do Twitter [X], foi necessária. Fizemos imediatamente para TOTALE as contas em duas redes sociais, que são o Bluesky e o Threads. Eu, pessoalmente, fui para o Threads. Não tenho conta no Bluesky ainda porque estou esperando a plataforma se consolidar e até mesmo uma eventual volta do Twitter [X]. Porém, como organização, de fato, não há como fugir. Estamos em ambas as plataformas, tanto no Bluesky quanto no Threads, mas acredito que o Threads tenha mais tendência para se consolidar, por conta de ter mais estrutura. Eu acho que as pessoas mais influentes estão utilizando mais o Threads do que o Bluesky. O Bluesky ainda parece uma plataforma que está em construção, apesar da similaridade com o Twitter [X]. Ainda acho que é tudo meio nebuloso.”

O fundador da TOTALE complementa que acredita que com a volta do X, a volta da comunidade para a rede também é inevitável:

“Não tenho dúvidas que caso o Twitter [X] volte, a comunidade volte também pra lá. Todo mundo vai torcer por isso, eu acho. Tem muita gente com dificuldade de adaptação com essas novas redes sociais. Acho que o Elon Musk vai perder nessa queda de braço contra o poder do Estado jurídico. Por esse motivo eu acredito que a galera volte a usar, como se nada tivesse acontecido, e que a gente vai seguir a grande massa.”

Para finalizar, Bruno destaca que esse momento pode ser levado como aprendizado e chance de explorar outras plataformas sociais: 

“Acredito que vai ficar a lição disso tudo. Outros canais atendem outros nichos. A interação do Threads, por exemplo, com o Instagram acaba sendo bem interessante. O Bluesky ainda tenho minhas dúvidas sobre sua estabilidade, principalmente em caso de volta do Twitter [X]. Mas vai ser uma boa oportunidade de estudar outros nichos, de entender um pouco mais sobre outras plataformas e o que o pessoal procura em cada uma delas.”

VOLTA OU NÃO?

A principal inquietação que fica agora para todos os ex-usuários do X é de se a rede social vai voltar ou não. A plataforma X pediu nesta quinta-feira (26) a reabertura da rede social no Brasil. Agora, o ministro Alexandre de Moraes deve avaliar se a documentação apresentada pela empresa atende às exigências, além de verificar o pagamento das multas pendentes.

Na semana passada, o X atendeu à exigência do ministro ao nomear a advogada Raquel de Oliveira Villa Nova como representante legal da empresa no Brasil. De acordo com a rede, ela atuará em um escritório físico em um endereço conhecido. Além disso, a plataforma afirma ter bloqueado as contas alvos de pedidos do STF e ter pagado a multa de R$18,3 milhões por ter descumprido decisões anteriores da Corte.

Não há um prazo definido para que o magistrado finalize essa análise e decida sobre o retorno da plataforma no país, dessa forma, a volta completa no X no Brasil ainda é uma incógnita que pode vir a acontecer tão de repente como foi o seu bloqueio.

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