Por muito tempo, a meritocracia dentro dos esports é levantada e discutida. Ela realmente existe? Todos possuem as mesmas chances? Vamos entender mais? Confira um estudo sobre o assunto logo abaixo!

Os esports são frequentemente apresentados como o exemplo máximo da meritocracia: um ambiente onde, supostamente, o talento e a dedicação deveriam ser os únicos critérios para alcançar o sucesso. Mas será que esse cenário é tão justo quanto parece? Se o sucesso realmente dependesse apenas do esforço individual, por que vemos tantas barreiras intransponíveis que favorecem apenas aqueles que já nasceram em condições privilegiadas?
No Brasil, por exemplo, apesar de um acesso crescente à internet – dados do IBGE apontam que aproximadamente 80% da população está conectada –, apenas cerca de 45% dispõe de banda larga de alta velocidade. Isso sem mencionar que, quando o assunto é ter um PC de alta performance, apenas cerca de 35% dos jovens gamers conseguem arcar com esse investimento. Como conciliar esses números com a ideia de que o campo dos esports é um terreno nivelado para todos?
O mito da meritocracia nos esports

A narrativa dominante sugere que, nos esports, todo jogador tem a chance de brilhar independentemente de sua origem. Afinal, o jogo supostamente não distingue classe social, cor ou gênero – somente habilidade e determinação deveriam contar. Mas será que o talento é suficiente para superar as desigualdades de infraestrutura, acesso e suporte financeiro? Quando analisamos de perto, percebe-se que o que se promove como “meritocracia” muitas vezes mascara uma realidade onde privilégios financeiros e redes de contato têm um peso decisivo.
O peso do privilégio financeiro
Equipamentos e Conexão de Qualidade:
Imagine a diferença entre treinar com um computador de última geração, capaz de rodar jogos com taxas de quadros elevadas, e competir com um equipamento básico, onde até mesmo um pequeno atraso pode comprometer o desempenho. Essa disparidade é real e afeta diretamente as chances de ascensão. No Brasil, onde apenas 35% dos jovens gamers têm acesso a um PC de alta performance, muitos talentos ficam reféns de limitações técnicas que fogem completamente do seu controle.
Será que podemos considerar uma competição justa quando o acesso à tecnologia – elemento tão crucial – é tão desigual?
Internet: A coluna da competição online:
Em um cenário onde cada milissegundo conta, a qualidade da conexão de internet é determinante. Apesar dos avanços, os dados indicam que, enquanto 80% dos brasileiros têm acesso à internet, somente 45% desfrutam de banda larga de alta velocidade. Em um jogo competitivo, essa diferença pode ser o divisor entre a vitória e a derrota.
Como esperar que um talento bruto se destaque quando a infraestrutura básica de acesso à internet está longe do ideal?
Rotina e dedicação:
O caminho para o topo dos esports exige milhares de horas de prática. Quem vem de famílias com melhores condições financeiras pode dedicar-se integralmente a essa rotina, enquanto outros precisam equilibrar estudos, trabalho e treinos, sem contar a dificuldade de arcar com custos de equipamentos e upgrades frequentes. Essa disparidade transforma o que deveria ser uma questão de mérito em uma competição de oportunidades.
Acessibilidade e regiões subdesenvolvidas

A desigualdade não se limita apenas aos equipamentos e à internet. A infraestrutura de apoio para os gamers varia drasticamente entre as regiões do Brasil.
Em grandes centros urbanos como São Paulo e Rio de Janeiro, a oferta de academias, treinamentos e acesso a torneios presenciais é muito maior do que em regiões periféricas ou áreas rurais.
Jogadores que vivem em áreas com conexões instáveis e poucos recursos enfrentam uma batalha diária não só contra adversários, mas contra as limitações impostas pelo próprio ambiente.
Se o talento não encontra as condições mínimas para florescer, quem pode ser responsabilizado pelo insucesso desses jogadores? Será que a meritocracia pode florescer onde o acesso é tão desigual?
Networking: Quem você conhece importa
Outro fator determinante na ascensão dos jogadores é o acesso a redes de contato.
Em um cenário onde as oportunidades muitas vezes surgem por indicação, jogadores com conexões dentro da indústria têm uma vantagem significativa sobre aqueles que lutam sozinhos.
Equipes e organizações frequentemente recrutam com base em relações pré-estabelecidas, fazendo com que o mérito técnico perca espaço para o privilégio de “conhecer as pessoas certas”.
Em um ambiente que se diz meritocrático, como explicar que, mesmo com talento equivalente, alguns jogadores nunca têm a chance de mostrar seu potencial simplesmente por falta de acesso a essas redes de apoio?
Desconstruindo o mito da igualdade

Se os esports fossem um campo de oportunidades realmente iguais, as estatísticas não mostrariam disparidades tão gritantes. A verdade é que, apesar de todo o discurso sobre mérito, o sucesso nesse cenário está profundamente atrelado ao acesso a recursos financeiros, infraestrutura tecnológica e conexões privilegiadas.
Será que a verdadeira igualdade de oportunidades existe nos esports ou estamos diante de um mito cuidadosamente construído para mascarar as profundas desigualdades do setor?
Essa reflexão nos leva a questionar: quantos talentos promissores permanecem nas sombras simplesmente porque não tiveram a chance de competir em igualdade de condições?
É urgente que a indústria repense suas estruturas e invista em programas que ampliem o acesso à tecnologia, melhorem a infraestrutura de internet e promovam oportunidades reais para talentos de todas as origens.
A meritocracia, quando observada de perto, revela-se uma construção que beneficia apenas uma parcela privilegiada dos competidores. Se quisermos um cenário mais justo e inclusivo, será preciso repensar o modelo atual e criar condições que permitam que o verdadeiro potencial dos jogadores possa emergir sem ser ofuscado pelo peso do privilégio.
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