As franquias mataram as ligas? Acabou a competitividade? A segurança é mais importante que inovação? Vamos entender tudo isso e um pouco mais!
O modelo de franquias revolucionou o ambiente dos eSports, introduzindo uma nova dinâmica para as disputas. Os esportes eletrônicos, com uma estrutura mais semelhante a esportes convencionais, como NBA e NFL, apostam na ideia de jogo de cabeça. A implementação deste modelo garante estabilidade financeira para entidades, estabilidade para atletas e maior previsibilidade para ligas e patrocinadores.
Contudo, essas alterações também suscitam questões relevantes: as franquias estão impedindo o surgimento de novos talentos? O sistema realmente favorece a competitividade ou estabelece um obstáculo para equipes em ascensão?
Neste artigo, vamos analisar as vantagens e obstáculos das franquias no contexto dos eSports. Além disso, iremos examinar a implementação do modelo em alguns dos principais jogos, tais como League of Legends, VALORANT e Rainbow Six Siege, debatendo os efeitos e as respostas das comunidades em relação a essas mudanças.
O que é o Sistema de Franquias nos eSports?
O conceito de franquia nos eSports é inspirado no sistema adotado pelas ligas esportivas dos Estados Unidos, no qual as entidades adquirem um lugar fixo em competições oficiais. Ao contrário dos modelos convencionais com subidas e descidas, as franquias proporcionam estabilidade: os times participantes mantêm suas posições, independentemente do rendimento durante a temporada. Isso possibilita que as entidades realizem investimentos em infraestrutura e crescimento a longo prazo, sem o receio de perder sua posição no panorama competitivo.
Um dos maiores benefícios deste modelo é a estabilidade financeira. Com acordos de longo prazo e maior estabilidade, as ligas têm a capacidade de atrair grandes empresas e proporcionar melhores condições aos atletas. Contudo, essa estabilidade pode restringir a dinâmica competitiva e estabelecer um obstáculo para equipes de menor porte, que anteriormente tinham a oportunidade de subir através de promoções.
Um aspecto crucial é a colaboração entre as franquias e o marketing: a previsibilidade dos jogos e a presença de grandes empresas contribuem para consolidar a identidade da liga e atrair audiência. Contudo, com menos oportunidades para surpresas e novas equipes, o envolvimento emocional dos fãs pode ser afetado, já que relatos de “zebras” e de equipes em ascensão tornam-se cada vez mais raros.
O que acontece dentro de cada jogo?
Com essas alterações estruturais, cada liga e campeonato tem reagido de forma distinta ao modelo de franquias. Em seguida, vamos examinar a implementação desse sistema no League of Legends, VALORANT e Rainbow Six Siege. Dessa forma, iremos entender as especificidades, as vantagens e as críticas que emergiram em cada comunidade. Esses exemplos auxiliarão na compreensão se a franquia representa de fato o futuro dos eSports ou se ainda existem oportunidades para opções mais convencionais.
CBLOL e a falta de ambição
No CBLOL, estamos passando por uma grande transformação no sistema de franquias. Portanto, vamos analisar como estava ocorrendo, os principais equívocos e as futuras alterações. Quando o sistema de franquias no LoL foi revelado, o maior receio era como ele funcionaria na prática.
Havia 10 equipes disputando uma liga sem rebaixamento. Afinal, todos são parceiros e associados, portanto, sempre estarão presentes no CBLOL. Isso gerou duas circunstâncias bastante distintas. Por um lado, os times tinham a possibilidade de investir em equipes com foco a longo prazo, com talentos emergentes, sem se preocupar com a classificação.
No entanto, essa ausência de competição poderia gerar um sentimento de comodismo, levando os times a se acomodarem em posições de menor prestígio. Após alguns anos de CBLOL, observamos uma pequena variação no top 4 do CBLOL. Desde o começo das franquias em 2021, apenas três times conquistaram o título do CBLOL (paiN – 2021.1, 2021.2 e 2022.1, RED Canids – 2021.3, 2022.4, 2023 e 2024.1).
Estamos atualmente passando por uma reformulação, com a fusão do CBLOL e LAS, sem mencionar a LCS e a LAN. Além de reduzir o número de equipes, as regiões centrais vão acolher um time oriundo da América Latina. No entanto, adotaremos um sistema semiaberto que possibilita a participação de uma equipe na liga principal, por um período específico.
VALORANT e a morte das ligas do tier 2
O VALORANT enfrenta uma situação muito mais séria, especialmente quando abordamos o Brasil. Com a chegada das franquias, estabeleceu-se que os times se reuniriam em Los Angeles, onde estão localizados os estúdios da Riot Games. Adicionalmente, foram escolhidos 5 times dos Estados Unidos, 3 brasileiros e somente 2 da América Latina.
Naquela época, sugeria-se que o sistema geraria diversos problemas, sendo o principal deles direcionado para as áreas do Brasil e América Latina. Com a transferência das equipes de maior destaque para os Estados Unidos, as outras regiões tiveram que assistir os seus melhores times partirem. Portanto, o nível 2 começou a enfrentar uma enorme escassez de aprendizado.
Apesar do Ascension, apenas uma equipe teria a chance de alcançar o VCT Américas. Ademais, era evidente que as equipes do nível 2 do NA levariam vantagem. O porquê? Apenas treinavam com as equipes da franquia. Isso proporciona uma progressão significativa para eles, preparando-os de maneira mais eficaz para as competições.
No final das contas, o sistema de franquia do VALORANT apresentou diversos problemas, resultando em uma grande dor de cabeça para a Riot. Em última análise, como solucionar um problema de forma imediata, se foi prometida estabilidade aos franqueados? Leo Faria, Head de VALORANT, declarou que o sistema enfrenta diversos desafios e que a Riot Games está ciente disso. Contudo, quando poderemos ver tais mudanças acontecendo? E além disso, como elas vão ajudar o tier 2?
Rainbow Six e a falta de renovação
O modelo de franquia no Rainbow Six no Brasil tem sido alvo de críticas e preocupações tanto de fãs quanto de jogadores e especialistas. Uma das principais divergências reside no receio de que o modelo possa afetar de forma negativa o nível de competitividade. Até porque, isso restringe o ingresso de novos talentos.
A mudança para um modelo de franquia é percebida como uma maneira de diminuir os riscos.. Isso ocorre pois as equipes ficam menos vulneráveis ao rebaixamento. Isso pode resultar em acomodações em algumas organizações, como mencionamos no CBLOL. No final das contas, isso acaba afetando a intensidade dos jogos e a busca incessante por aprimoramentos.
Um outro desafio comum em ligas com franquias é a barreira que novas equipes e jogadores amadores enfrentam para se estabelecerem no cenário principal. No Rainbow Six do Brasil, essa questão é particularmente sensível, pois a região é famosa por revelar rapidamente talentos emergentes. Em outras palavras, existe um temor crescente de que o modelo de franquia restringe tais oportunidades.
Finalmente, a adesão às franquias pode ter um custo elevado. Isso limita a entrada de novas organizações ou as força a buscar investidores sólidos. Isso pode tornar o cenário mais restrito e focado em um pequeno número de equipes iniciais. Isso pode auxiliar na construção de histórias de rivalidades, porém acaba por eliminar a emoção de estabelecer uma nova identidade para o torneio.
Apesar do Rainbow Six brasileiro ter se destacado no cenário internacional em determinados momentos, conquistando títulos relevantes e recebendo grande reconhecimento, essas alterações estruturais estão provocando debates sobre o efeito a longo prazo no desenvolvimento da região e na preservação de sua hegemonia. A comunidade teme que o sistema possa retardar o progresso, mesmo com a esperança de que o Brasil possa se ajustar ao novo cenário competitivo.
Quer ficar por dentro de tudo que está acontecendo no mundo dos eSports? Na Stellae Gaming, você encontra as últimas notícias, análises exclusivas e muito mais. Não perca nada — acompanhe nosso site e siga nossas redes sociais para se manter sempre atualizado!